20 de novembro de 2010

Como Água para Chocolate



Sempre que estou lendo um bom livro, e ele está acabando, bate aquela sensação de querer devorar as páginas para saber o final e, ao mesmo tempo, de ler bem devagar, economizando para não acabar rápido.

Mais uma vez esta contraditória sensação fez parte do final do livro Como Água para Chocolate, e ele passou a integrar a lista dos Top10 melhores livros. 



O livro nos leva ao México rural, mais especificamente à cidade de Coahuila, no final do século XX e nos conta através de suculentas receitas culinárias a história de Tita, uma adolescente que vive o conflito de se apaixonar por Pedro e de não poder viver este amor por causa de uma arraigada tradição de sua família. Segundo esta tradição, a filha mais nova não pode se casar, uma vez que a ela lhe incumbe o dever de cuidar da mãe até o fim de seus dias.

Mamá Elena, mãe de três mulheres, Rosaura, Getrudis e Tita, é uma pessoa dominadora e fria que quando se vê mediante de Pedro pedindo a mão de sua caçula em casamento, oferece uma simples solução: a mão de sua filha mais velha, Rosaura. Fato que é prontamente aceito por Pedro, sendo esta a única forma de estar perto de Tita.

Para Tita o casamento foi devastador, mas este sentimento muda quando Pedro lhe declara as suas reais intenções ao se casar com Rosaura. A alegria de Tita se vê mitigada pela morte de Nacha, que foi a pessoa que lhe criou e lhe ensinou a arte da culinária. Assim, Tita passa a ser a cozinheira oficial da residência.

Na cozinha Tita projeta seus desejos e emoções ao misturar temperos e ingredientes e criar fabulosas receitas. As emoções postas em seus pratos são transportadas às pessoas que os comem, causando diversos tipos de sensações e situações.

Quando Mamá Elena finalmente falece, e Tita se vê livre da tradição, ela começa a viver o dilema entre o amor de Pedro, que ainda está casado com sua irmã, e a doce presença de John, um gentil médico viúvo   por quem ela demonstra imensa gratidão, por  ter lhe salvado da ordem de Mamá Elena de que ela fosse internada em um manicômio, após uma discussão que custou a Tita um nariz quebrado por uma colher de pau.

Cada capítulo se inicia com uma receita, não necessariamente culinária, mas que vai ser a base para o desenrolar da história. A autora Laura Esquiel utiliza a gastronomia como metáfora dos sentimentos dos personagens.

O curioso título é explicado quando Tita prepara chocolate quente derretendo o chocolate caseiro em água (e não em leite) e, para que o chocolate se derreta, a água deve estar fervendo. Assim, a expressão "como água para chocolate" significa que a pessoa está a "ponto de ebulição", seja de raiva ou de qualquer outro tipo de emoção.

Nem preciso dizer que eu amei este livro e curti cada momento da leitura, cada novos acontecimentos, e cada nova receita. Sem falar que o livro me foi dado de presente por uma pessoa muito especial e veio direto do México!

Livro mais que recomendado. O meu é em espanhol, mas depois de uma pesquisada vi que tem em português (com o mesmo título), em inglês (Like Water for Chocolate) e foi traduzido para mais 28 idiomas.

E como história boa deve ser multiplicada, o livro foi passado ao cinema em 1992 com a direção do então marido da autora, Afonso Arau e ganhou 10 prêmios Ariel da Academia Mexicana de Artes e Ciências Cinematográficas.

Fica a dica tanto do livro quanto do filme que eu quero assistir o mais rápido possível.

Capa do filme Como Água para Chocolate

3 de novembro de 2010

Despedidas


Para quem vive nesta vida de idas e vindas sabe muito bem o que significam as despedidas.
Ainda que elas passem a ser constantes em nossas vidas, continuam a machucar.
Despedida da mãe, do pai, irmãos, amigos, sobrinhos, namorado...
E isso dói. Cada Adeus dito, cada abraço, cada lágrima derramada, cada tristeza no olhar dói, dói muito.
Parece que deixa uma ferida no coração, que mais tarde vai ser transformar em uma cicatriz.
E não é bom ter cicatrizes no coração, ele vai ficando cada vez mais duro, mais frio, mais insensível
O remédio é cuidar direitinho das feridas do coração, porque a despedida é mesmo inevitável.